André L. S. Freire
Testes realizados pela bióloga Andréa Cristina Santos da Cruz, em parceria com Laboratório de Biomonitoramento e Biologia Marinha – IBIO da Universidade Federal da Bahia revelam que diferentes tipos de biodiesel podem ser nocivos pela toxicidade que apresentam. No estudo foram utilizados co
mo organismos teste o peixe Oreochromis niloticus, popularmente conhecido como tilápia. De acordo com o resultado, dentre as formulações analisadas, a amostra contendo biodiesel de mamona, foi a mais tóxica, seguida das amostras de OGR (óleos e gorduras residuais) e de dendê, quando comparadas ao controle.
A pesquisadora explica que no procedimento adotado, as amostras de biodiesel foram diluídas em água na proporção de um para nove e agitadas por cerca de 20 horas, com o objetivo de simular, ainda que de maneira remota, o que ocorre em ambientes naturais, quando derramamentos de substâncias químicas acontecem, causando grandes desastres ecológicos. Dando prosseguimento aos testes, as tilápias foram submetidas a 10% das diferentes frações solúveis em água (FSA) de cada tipo de biodiesel por cerca de 24 horas. Isso significa dizer que em aquários com capacidade para 4L cada, 400 ml eram constituídas por essa fração solúvel e os 3600 ml restantes eram compostas por água doce. Após as 24 horas de exposição, os peixes foram mortos e os fígados retirados, para que através da análise da Fosfatase ácida como biomarcador bioquímico fossem identificados indícios de contaminação no órgão do animal.
Andréa Cruz explica que, a Fosfatase ácida é uma enzima intralisossômica (proteínas especializadas em catalisar (acelerar) reações biológicas, ou seja aumentam a velocidade de uma reação química sem interferir no processo), através da qual se pode comprovar uma possível toxicidade mediante a evidência do grau de fragilidade da membrana lisossômica. “Quando substâncias exógenas com comprovada ação tóxica atuam sobre esta membrana, fragilizando-a, pode ocorrer ruptura e o conteúdo enzimático que apresenta pH ácido é liberado para seu exterior, que é caracterizado por apresentar pH alcalino, comprometendo assim, a sobrevivência da célula”, complementa.
Para a bióloga, que é mestre em Ecologia e Biomonitoramento e especializada em testes de toxicidade, os biomarcadores são instrumentos básicos para a avaliação de riscos, em vista das muitas vantagens decorrentes de seu uso na prevenção de poluição: possibilitam respostas biológicas à exposição em curto prazo; os custos de análise são baixos em relação a técnicas convencionais indicativas da exposição a poluentes; são bastante sensíveis à presença de determinados poluentes e permitem, na maioria dos casos, o uso de técnicas não invasivas. Ela chama a atenção ainda para o fato de que a detecção prévia desse estresse fornece subsídios ecotoxicológicos para ações de controle, antes que severas mudanças atinjam a dinâmica do ecossistema.
Os testes que contam também com o apoio da Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) e do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) se estenderam às ostras e aos ouriços. No caso das ostras o número elevado de deformação no formato, que comumente é semelhante a letra “D” geraram o indício de contaminação. Já no ouriço o indicativo da alteração foi o desenvolvimento das pernas, no qual algumas cresceram mais do que o observado naturalmente.
Em relação a como esse índice de toxicidade pode atrapalhar a aceitação do biodiesel, o gerente de posto Flávio Fernandes de Souza, que trabalha na área a mais de 15 anos, diz que por se tratar de um trabalho desenvolvido com a fração solúvel do biodiesel e não com o elemento puro, não sabe como essa toxicidade seria assimilada pelo mercado, mas salienta que de qualquer forma o biodiesel ainda é menos tóxico (independente da sua toxicidade), que os combustíveis de origem fóssil. Contudo, a professora de biologia, Alta Ribeiro, salienta que, essa fração solúvel, dependendo da toxicidade apresentada pode sim prejudicar o meio ambiente e consequentemente ao homem, principalmente se avaliarmos os locais onde esses produtos (ou subprodutos) são lançados.
Hoje, de acordo com o programa brasileiro PROBIODIESEL, regulamentado pela Portaria MCT 702 de 30 de Outubro de 2002, 2% de biodiesel já são misturados aos combustíveis fósseis. Essa medida que vigora desde o ano passado, devera ser alterada, pois se estimula que até 2013 essa fração deva aumentar para 5%. A mistura constituída de 5% de biodiesel e de 95% de petrodiesel já é denominada B5 e deverá trazer uma série de vantagens para a economia do país, reduzindo as importações de petrodiesel em 33%. Atualmente o Brasil importa aproximadamente 15% do petrodiesel necessário para a movimentação da sua frota de transporte. Essas importações são responsáveis pela remessa de divisas equivalentes a US$ 1,2 bilhão e o emprego do B5, de acordo com especialistas, representará uma economia de US$ 400 milhões para o país. Além do benefício para a balança de pagamentos com a conseqüente redução das importações, o país deverá incrementar a sua produção agrícola (produção de soja, girassol, e outras oleaginosas, além da cana de açúcar) e incentivar novos investimentos no setor industrial, causando desta maneira uma mudança significativa na geração de novos empregos.
A pesquisadora explica que no procedimento adotado, as amostras de biodiesel foram diluídas em água na proporção de um para nove e agitadas por cerca de 20 horas, com o objetivo de simular, ainda que de maneira remota, o que ocorre em ambientes naturais, quando derramamentos de substâncias químicas acontecem, causando grandes desastres ecológicos. Dando prosseguimento aos testes, as tilápias foram submetidas a 10% das diferentes frações solúveis em água (FSA) de cada tipo de biodiesel por cerca de 24 horas. Isso significa dizer que em aquários com capacidade para 4L cada, 400 ml eram constituídas por essa fração solúvel e os 3600 ml restantes eram compostas por água doce. Após as 24 horas de exposição, os peixes foram mortos e os fígados retirados, para que através da análise da Fosfatase ácida como biomarcador bioquímico fossem identificados indícios de contaminação no órgão do animal.
Andréa Cruz explica que, a Fosfatase ácida é uma enzima intralisossômica (proteínas especializadas em catalisar (acelerar) reações biológicas, ou seja aumentam a velocidade de uma reação química sem interferir no processo), através da qual se pode comprovar uma possível toxicidade mediante a evidência do grau de fragilidade da membrana lisossômica. “Quando substâncias exógenas com comprovada ação tóxica atuam sobre esta membrana, fragilizando-a, pode ocorrer ruptura e o conteúdo enzimático que apresenta pH ácido é liberado para seu exterior, que é caracterizado por apresentar pH alcalino, comprometendo assim, a sobrevivência da célula”, complementa.
Para a bióloga, que é mestre em Ecologia e Biomonitoramento e especializada em testes de toxicidade, os biomarcadores são instrumentos básicos para a avaliação de riscos, em vista das muitas vantagens decorrentes de seu uso na prevenção de poluição: possibilitam respostas biológicas à exposição em curto prazo; os custos de análise são baixos em relação a técnicas convencionais indicativas da exposição a poluentes; são bastante sensíveis à presença de determinados poluentes e permitem, na maioria dos casos, o uso de técnicas não invasivas. Ela chama a atenção ainda para o fato de que a detecção prévia desse estresse fornece subsídios ecotoxicológicos para ações de controle, antes que severas mudanças atinjam a dinâmica do ecossistema.
Os testes que contam também com o apoio da Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) e do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) se estenderam às ostras e aos ouriços. No caso das ostras o número elevado de deformação no formato, que comumente é semelhante a letra “D” geraram o indício de contaminação. Já no ouriço o indicativo da alteração foi o desenvolvimento das pernas, no qual algumas cresceram mais do que o observado naturalmente.
Em relação a como esse índice de toxicidade pode atrapalhar a aceitação do biodiesel, o gerente de posto Flávio Fernandes de Souza, que trabalha na área a mais de 15 anos, diz que por se tratar de um trabalho desenvolvido com a fração solúvel do biodiesel e não com o elemento puro, não sabe como essa toxicidade seria assimilada pelo mercado, mas salienta que de qualquer forma o biodiesel ainda é menos tóxico (independente da sua toxicidade), que os combustíveis de origem fóssil. Contudo, a professora de biologia, Alta Ribeiro, salienta que, essa fração solúvel, dependendo da toxicidade apresentada pode sim prejudicar o meio ambiente e consequentemente ao homem, principalmente se avaliarmos os locais onde esses produtos (ou subprodutos) são lançados.
Hoje, de acordo com o programa brasileiro PROBIODIESEL, regulamentado pela Portaria MCT 702 de 30 de Outubro de 2002, 2% de biodiesel já são misturados aos combustíveis fósseis. Essa medida que vigora desde o ano passado, devera ser alterada, pois se estimula que até 2013 essa fração deva aumentar para 5%. A mistura constituída de 5% de biodiesel e de 95% de petrodiesel já é denominada B5 e deverá trazer uma série de vantagens para a economia do país, reduzindo as importações de petrodiesel em 33%. Atualmente o Brasil importa aproximadamente 15% do petrodiesel necessário para a movimentação da sua frota de transporte. Essas importações são responsáveis pela remessa de divisas equivalentes a US$ 1,2 bilhão e o emprego do B5, de acordo com especialistas, representará uma economia de US$ 400 milhões para o país. Além do benefício para a balança de pagamentos com a conseqüente redução das importações, o país deverá incrementar a sua produção agrícola (produção de soja, girassol, e outras oleaginosas, além da cana de açúcar) e incentivar novos investimentos no setor industrial, causando desta maneira uma mudança significativa na geração de novos empregos.
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