terça-feira, 2 de setembro de 2008

Por que o estudo do jornalismo é considerado tão importante?

A busca pela comunicação caminha com o homem desde os primórdios de sua existência. Ainda que de forma bastante limitada – linguagem não verbal no período Neolítico – a comunicação já se instituía como algo de suma importância para a humanidade, pois através dela circulava a informação.

Com a aquisição da fala pelo Homo-Sapiens, e posteriormente com a sistematização de um alfabeto, a comunicação se fortaleceu e consequentemente, a informação ganhou novas formas de circular e ser difundida. A produção cotidiana de conhecimento, os relatos orais e a invenção dos tipos móveis possibilitaram o surgimento de uma profissão que se encarregasse do ofício de informar a sociedade: o jornalismo. Houve, portanto, uma impulsão na imprensa periódica e uma consolidação da figura do jornalista.

Entretanto, o jornalismo não se limitou a apenas relatar e divulgar os fatos, que são considerados de interesse público. Tornou-se, na verdade, um universo muito mais complexo e carregado de subjetividades, no qual a informação passou a ser sinônimo de conhecimento e poder. Paralelamente a isso e impulsionado pelo impacto da mídia sobre os indivíduos, muitas correntes teóricas surgiram e se prestaram a estudar o jornalismo, a exemplo da Escola de Frankfurt, com o fenômeno da Indústria Cultural, fazendo referência aos grandes meios de comunicação. Nessa corrente se desenvolveu uma visão pessimista a respeito do impacto causado pela mídia sobre a população, uma vez que segundo Adorno e Horkheimer, informar se tornou uma complexa indústria a favor de interesses econômicos, políticos e sociais de grupos restritos, fortalecendo um sistema de dependência cada vez maior do público para com os meios de comunicação.

Todavia, os estudos não se restringiram aos conteúdos referentes aos impactos ocasionados pela mídia sobre a massa, mas se estenderam também aos processos de produção das mensagens jornalísticas e as questões, as quais os jornalistas são expostos ao produzi-las. Teorias como a do Gatekeeper, Teoria Organizacional, Teoria Instrumentista, entre outras, buscaram entender porque as notícias são como são e sistematizar o jornalismo como um campo específico do conhecimento. Contudo, ainda há divergências a respeito dessa sistematização, pois para alguns teóricos ainda não se tem conhecimento suficiente para tal.

Destarte, o mais correto a fazer é um contínuo estudo, a fim de se reunir informações que coloquem o jornalismo ao nível de ciência e acabem as especulações. Além disso, se faz mais do que necessário o estudo, pesquisas e discussões no campo jornalístico, pelo fato de que ele pode ser melhor conduzido e aplicado numa sociedade cada vez maior e mais complexa.

Enquanto isso, acredito que os jornalistas precisão refletir mais sobre o papel que desempenham na sociedade, até porque o jornalismo é uma das profissões mais criticadas da atualidade, por conta, principalmente, dos conflitos de interesses, onde forças e objetivos alheios se sobrepõem ao direito imprescindível de informar. Mais do que, apenas formular teorias a respeito desse campo, os profissionais envovidos nos proscessos de produção das notícias precisam dar mais ênfase a transparência e a credibilidade da profissão, pois como diz Eugênio Bucci, no seu livro Sobre Ética e Imprensa, um equívoco muito grande é cometido, inclusive por jornalistas, ao se pensar que a publicidade ou qualquer outro interesse seja o mais importante para se manter um jornal, quando na verdade o que tem se configurado como a força de um veículo de comunicação é a credibilidade e a relação de confiança que este desenvolve com o seu público.

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