sábado, 27 de setembro de 2008

Desvantagens do Biodiesel:

  • Não se sabe ao certo como o mercado irá assimilar a grande quantidade de glicerina obtida como subproduto da produção do biodiesel (entre 5 e 10% do produto bruto). A queima parcial da glicerina gera acroleína, produto suspeito de ser cancerígeno.
  • No Brasil e na Ásia, lavouras de soja e dendê, cujos óleos são fontes potencialmente importantes de biodiesel, estão invadindo florestas tropicais que são importantes bolsões de biodiversidade. Embora no Brasil, muitas lavouras não serem ainda utilizadas para a produção de biodiesel, essa preocupação deve ser considerada.
  • A produção intensiva da matéria-prima de origem vegetal leva a um esgotamento das capacidades do solo, o que pode ocasionar a destruição da fauna e flora, aumentando portanto o risco de erradicação de espécies
  • O balanço de CO2 do biodiesel não é neutro se for levado em conta a energia necessária à sua produção, mesmo que as plantas busquem o carbono à atmosfera: é preciso ter em conta a energia necessária para a produção de adubos, para a locomoção das máquinas agrícolas, para a irrigação, para o armazenamento e transporte dos produtos.
  • Cogita-se a que poderá haver uma subida nos preços dos alimentos, ocasionada pelo aumento da demanda de matéria-prima para a produção de biodiesel. Como exemplo, pode-se citar alguns fatos ocorridos em Portugal, no início de Julho de 2007, quando o milho era vendido a 200 euros por tonelada (152 em Julho de 2006), a cevada a 187 (contra 127), o trigo a 202 (137 em Julho de 2006) e o bagaço de soja a 234 (contra 178).


Fonte: Wikipédia

Vantagens do Biodiesel:

  • É energia renovável. As terras cultiváveis podem produzir uma enorme variedade de oleaginosas como fonte de matéria-prima para o biodiesel.
  • É constituído por carbono neutro, ou seja, o combustível tem origem renovável ao invés da fóssil. Desta forma, sua obtenção e queima não contribuem para o aumento das emissões de CO2 na atmosfera, zerando assim o balanço de massa entre emissão de gases dos veículos e absorção dos mesmos pelas plantas.
  • Contribui para a geração de empregos no setor primário. Com isso, evita o êxodo do trabalhador no campo, reduzindo o inchaço das grandes cidades e favorecendo o ciclo da economia auto-sustentável essencial para a autonomia do país.
  • Com a incidência de petróleo em poços cada vez mais profundos, muito dinheiro esta sendo gasto na sua prospecção, o que torna cada vez mais onerosa a exploração e refino das riquezas naturais do subsolo, havendo então a necessidade de se explorar os recursos da superfície, abrindo assim um novo nicho de mercado, e uma nova oportunidade de uma aposta estratégica no sector primário.
  • Nenhuma modificação nos atuais motores do tipo ciclo diesel faz-se necessária para misturas de biodiesel com diesel de até 20%, sendo que percentuais acima de 20% requerem avaliações mais elaboradas do desempenho do motor.


Fontes:

Wikipédia e MMA - www.biodiesel.gov.br

Testes revelam toxicidade no biodiesel


André L. S. Freire


Testes realizados pela bióloga Andréa Cristina Santos da Cruz, em parceria com Laboratório de Biomonitoramento e Biologia Marinha – IBIO da Universidade Federal da Bahia revelam que diferentes tipos de biodiesel podem ser nocivos pela toxicidade que apresentam. No estudo foram utilizados como organismos teste o peixe Oreochromis niloticus, popularmente conhecido como tilápia. De acordo com o resultado, dentre as formulações analisadas, a amostra contendo biodiesel de mamona, foi a mais tóxica, seguida das amostras de OGR (óleos e gorduras residuais) e de dendê, quando comparadas ao controle.

A pesquisadora explica que no procedimento adotado, as amostras de biodiesel foram diluídas em água na proporção de um para nove e agitadas por cerca de 20 horas, com o objetivo de simular, ainda que de maneira remota, o que ocorre em ambientes naturais, quando derramamentos de substâncias químicas acontecem, causando grandes desastres ecológicos. Dando prosseguimento aos testes, as tilápias foram submetidas a 10% das diferentes frações solúveis em água (FSA) de cada tipo de biodiesel por cerca de 24 horas. Isso significa dizer que em aquários com capacidade para 4L cada, 400 ml eram constituídas por essa fração solúvel e os 3600 ml restantes eram compostas por água doce. Após as 24 horas de exposição, os peixes foram mortos e os fígados retirados, para que através da análise da Fosfatase ácida como biomarcador bioquímico fossem identificados indícios de contaminação no órgão do animal.
Andréa Cruz explica que, a Fosfatase ácida é uma enzima intralisossômica (proteínas especializadas em catalisar (acelerar) reações biológicas, ou seja aumentam a velocidade de uma reação química sem interferir no processo), através da qual se pode comprovar uma possível toxicidade mediante a evidência do grau de fragilidade da membrana lisossômica. “Quando substâncias exógenas com comprovada ação tóxica atuam sobre esta membrana, fragilizando-a, pode ocorrer ruptura e o conteúdo enzimático que apresenta pH ácido é liberado para seu exterior, que é caracterizado por apresentar pH alcalino, comprometendo assim, a sobrevivência da célula”, complementa.
Para a bióloga, que é mestre em Ecologia e Biomonitoramento e especializada em testes de toxicidade, os biomarcadores são instrumentos básicos para a avaliação de riscos, em vista das muitas vantagens decorrentes de seu uso na prevenção de poluição: possibilitam respostas biológicas à exposição em curto prazo; os custos de análise são baixos em relação a técnicas convencionais indicativas da exposição a poluentes; são bastante sensíveis à presença de determinados poluentes e permitem, na maioria dos casos, o uso de técnicas não invasivas. Ela chama a atenção ainda para o fato de que a detecção prévia desse estresse fornece subsídios ecotoxicológicos para ações de controle, antes que severas mudanças atinjam a dinâmica do ecossistema.
Os testes que contam também com o apoio da Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) e do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) se estenderam às ostras e aos ouriços. No caso das ostras o número elevado de deformação no formato, que comumente é semelhante a letra “D” geraram o indício de contaminação. Já no ouriço o indicativo da alteração foi o desenvolvimento das pernas, no qual algumas cresceram mais do que o observado naturalmente.
Em relação a como esse índice de toxicidade pode atrapalhar a aceitação do biodiesel, o gerente de posto Flávio Fernandes de Souza, que trabalha na área a mais de 15 anos, diz que por se tratar de um trabalho desenvolvido com a fração solúvel do biodiesel e não com o elemento puro, não sabe como essa toxicidade seria assimilada pelo mercado, mas salienta que de qualquer forma o biodiesel ainda é menos tóxico (independente da sua toxicidade), que os combustíveis de origem fóssil. Contudo, a professora de biologia, Alta Ribeiro, salienta que, essa fração solúvel, dependendo da toxicidade apresentada pode sim prejudicar o meio ambiente e consequentemente ao homem, principalmente se avaliarmos os locais onde esses produtos (ou subprodutos) são lançados.
Hoje, de acordo com o programa brasileiro PROBIODIESEL, regulamentado pela Portaria MCT 702 de 30 de Outubro de 2002, 2% de biodiesel já são misturados aos combustíveis fósseis. Essa medida que vigora desde o ano passado, devera ser alterada, pois se estimula que até 2013 essa fração deva aumentar para 5%. A mistura constituída de 5% de biodiesel e de 95% de petrodiesel já é denominada B5 e deverá trazer uma série de vantagens para a economia do país, reduzindo as importações de petrodiesel em 33%. Atualmente o Brasil importa aproximadamente 15% do petrodiesel necessário para a movimentação da sua frota de transporte. Essas importações são responsáveis pela remessa de divisas equivalentes a US$ 1,2 bilhão e o emprego do B5, de acordo com especialistas, representará uma economia de US$ 400 milhões para o país. Além do benefício para a balança de pagamentos com a conseqüente redução das importações, o país deverá incrementar a sua produção agrícola (produção de soja, girassol, e outras oleaginosas, além da cana de açúcar) e incentivar novos investimentos no setor industrial, causando desta maneira uma mudança significativa na geração de novos empregos.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Velocidade e precisão da informação no Webjornalismo

Com o objetivo de estudar a relação entre a velocidade e precisão na atividade jornalística, foi que o mestre em comunicação e informação, Demétrio de Azeredo Soster, desenvolveu seu artigo: A Relação entre Velocidade e Precisão em Webjornalismo. Neste trabalho, Soster, define como objeto de estudo, o site UOL Eleições 2002, por se tratar de uma empresa de grande relevância no mercado da Internet do país e por conta do final do primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil.
O autor faz um estudo detalhado das matérias publicadas no link do UOL e analisa 551 textos, dos quais, 468 foram utilizadas na pesquisa por apresentarem algum tipo de problema. Destes, os erros mais comuns que foram encontrados se referem a ruídos de linguagem, como falta de acentuação ou erro de digitação, imprecisão jornalística e redundância. De acordo com Soster, esta última pode ser classificada como primária, quando toda a matéria se repete, secundária, quando ocorre repetição de títulos ou textos e terciária, quando ocorre adaptação ainda que parcial de textos já publicados.
Após a apresentação do embasamento teórico é constatado que, tanto na editoria de Últimas Notícias, enquanto na editoria Cobertura Cotidiana a incidência de erros é parecida em termos de números. Porém, alguns erros citados no trabalho colocam a atividade jornalística e seus critérios de desenvolvimento em segundo plano. A esse respeito, Soster cita um texto publicado no dia 06 de outubro de 2002, que trazia no título a informação de o voto do ex-presidente Fernando Collor de Mello seria para Lula, entretanto, no corpo do texto, Soster diz que as informações davam conta de que o voto de Collor seria para Ciro Gomes. Além desse, outros exemplos de erro de concordância, regência e ausência de palavras, que dificultavam o entendimento do texto, são apresentados. Para o autor a quantidade e diversidade de erros são tão grandes que ele cita: “Os dados levantados sugerem a existência de um paradoxo: quando o assunto é webjornalismo, errar parece ser a regra”.
Os erros, é claro, não estão isentos de existência na atividade jornalística, porém são preocupantes à medida que afetam de forma contundente aquilo que o jornalismo construiu ao longo de muito tempo, que é a credibilidade da informação. Soster apresenta dados que constatam que a quantidade de erros estariam relacionados principalmente ao fato de manter o site atualizado em quantidade de matérias, do que com a qualidade das mesmas.
Enfim, os resultados da pesquisa sugerem que, de fato, o jornalismo está diante de um novo tempo e lembram que durante décadas, com o objetivo de abranger o maior número possível de leitores, a profissão desenvolveu mecanismos que se tornaram indispensáveis para se consolidar e atingir seus objetivos. Soster destaca, no entanto que a situação se complica à medida que, ao possibilitar a existência de erros e imprecisões, a velocidade, hoje tão cobrada, até mesmo pelo novo perfil de leitor, acaba por gerar um ambiente que relega a um segundo plano justamente o que vinha alimentando sua credibilidade: o rigor na informação.

André L S Freire.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Por que o estudo do jornalismo é considerado tão importante?

A busca pela comunicação caminha com o homem desde os primórdios de sua existência. Ainda que de forma bastante limitada – linguagem não verbal no período Neolítico – a comunicação já se instituía como algo de suma importância para a humanidade, pois através dela circulava a informação.

Com a aquisição da fala pelo Homo-Sapiens, e posteriormente com a sistematização de um alfabeto, a comunicação se fortaleceu e consequentemente, a informação ganhou novas formas de circular e ser difundida. A produção cotidiana de conhecimento, os relatos orais e a invenção dos tipos móveis possibilitaram o surgimento de uma profissão que se encarregasse do ofício de informar a sociedade: o jornalismo. Houve, portanto, uma impulsão na imprensa periódica e uma consolidação da figura do jornalista.

Entretanto, o jornalismo não se limitou a apenas relatar e divulgar os fatos, que são considerados de interesse público. Tornou-se, na verdade, um universo muito mais complexo e carregado de subjetividades, no qual a informação passou a ser sinônimo de conhecimento e poder. Paralelamente a isso e impulsionado pelo impacto da mídia sobre os indivíduos, muitas correntes teóricas surgiram e se prestaram a estudar o jornalismo, a exemplo da Escola de Frankfurt, com o fenômeno da Indústria Cultural, fazendo referência aos grandes meios de comunicação. Nessa corrente se desenvolveu uma visão pessimista a respeito do impacto causado pela mídia sobre a população, uma vez que segundo Adorno e Horkheimer, informar se tornou uma complexa indústria a favor de interesses econômicos, políticos e sociais de grupos restritos, fortalecendo um sistema de dependência cada vez maior do público para com os meios de comunicação.

Todavia, os estudos não se restringiram aos conteúdos referentes aos impactos ocasionados pela mídia sobre a massa, mas se estenderam também aos processos de produção das mensagens jornalísticas e as questões, as quais os jornalistas são expostos ao produzi-las. Teorias como a do Gatekeeper, Teoria Organizacional, Teoria Instrumentista, entre outras, buscaram entender porque as notícias são como são e sistematizar o jornalismo como um campo específico do conhecimento. Contudo, ainda há divergências a respeito dessa sistematização, pois para alguns teóricos ainda não se tem conhecimento suficiente para tal.

Destarte, o mais correto a fazer é um contínuo estudo, a fim de se reunir informações que coloquem o jornalismo ao nível de ciência e acabem as especulações. Além disso, se faz mais do que necessário o estudo, pesquisas e discussões no campo jornalístico, pelo fato de que ele pode ser melhor conduzido e aplicado numa sociedade cada vez maior e mais complexa.

Enquanto isso, acredito que os jornalistas precisão refletir mais sobre o papel que desempenham na sociedade, até porque o jornalismo é uma das profissões mais criticadas da atualidade, por conta, principalmente, dos conflitos de interesses, onde forças e objetivos alheios se sobrepõem ao direito imprescindível de informar. Mais do que, apenas formular teorias a respeito desse campo, os profissionais envovidos nos proscessos de produção das notícias precisam dar mais ênfase a transparência e a credibilidade da profissão, pois como diz Eugênio Bucci, no seu livro Sobre Ética e Imprensa, um equívoco muito grande é cometido, inclusive por jornalistas, ao se pensar que a publicidade ou qualquer outro interesse seja o mais importante para se manter um jornal, quando na verdade o que tem se configurado como a força de um veículo de comunicação é a credibilidade e a relação de confiança que este desenvolve com o seu público.

Resenha: Janela da Alma

Dos renomados diretores, Walter Carvalho (Madame Satã / Abril Despedaçado) e João Jardim o filme Janela da Alma é um interessante convite ao telespectador a respeito de que o processo de percepção das coisas não se dá apenas através da visão, mas vai muito alem disso. Lançado em 2002, pela Europa Filmes, em gênero de documentário, o filme apresenta dezenove depoimentos dentre esses, alguns de famosos como o do prêmio Nobel José Saramago, o músico Hermento Pascoal, o cineasta Wim Wenders e a atriz Marieta Severo.

Todos os participantes do filme possuem uma deficiência visual variando da miopia à cegueira total, sendo que um dos depoimentos mais interessantes e humanos é o do vereador do PT (Partido dos Trabalhadores), Arnaldo Godoy, que é cego e sua filha, Mariana Godoy. Ambos falam da sua experiência de vida no convívio com a deficiência. Arnaldo da maneira como se adaptou, uma vez que, ainda criança perdeu a visão por conta de uma doença e sua filha da forma como lidou com uma pessoa cega. De acordo com Madalena, embora existissem as dificuldades ela nunca encarou a cegueira total do pai como um problema. Pelo contrário, ele era motivo de orgulho e admiração para ela, pois apesar da falta de visão sempre levou uma vida sem repressões.

Outro ponto forte do documentário é a participação do fotógrafo franco-esloveno, Eugen Bavcar, que também é cego, mas que, no entanto, consegue fazer belas fotos com o auxilio do tato, da imaginação e da audição. Prova disso, foram as fotos da sobrinha apresentadas por ele. Na ocasião ela corria pelo campo com um pequeno sino em mãos, ele orientado pelo barulho produzido pelo chacoalhar do sino se orientava e conseguiu lindas fotos em movimento, provando então que a audição, alem da visão é uma outra forma de sentir e perceber o mundo.

Enfim, no filme os diretores propõem uma profunda reflexão sobre o olhar, como ele se dá e mais: será que o fato de enxergar garante-nos a real percepção das coisas e o êxito na vida? Talvez não. Todos os depoentes do filme possuem uma deficiência, ainda que total, porém são todos bem sucedidos em suas carreiras. Com um título que remete-nos o centro das emoções e sentimentos humanos, que é a alma fica a seguinte conclusão: se os olhos são a janela da alma, devemos realmente olhar para essa janela com outros olhos, mas esses olhos podem variar de uma pessoa para outra de acordo com a sua deficiência ou sensibilidade.

JANELA da Alma. Direção: João Jardim e Walter Carvalho. Intérpretes: José Saramago, Wim Wenders, Paulo Cezar Lopes, Agnes Varda, Marieta Severo, João Ubaldo Ribeiro, Walter Lima Jr., Arnaldo Godoy, Eugen Bavcar e outros. Brasil: Europa Filmes, 2002. 1 DVD (73 min).

Fib promove palestra com Domingos Meirelles




André L S Freire

“Definir-se como profissional e escolher de quer lado ficar, dos opressores ou dos oprimidos”. Essas foram umas das primeiras palavras do jornalista e apresentador do programa Linha Direta, da Rede Globo de Televisão, Domingos Meirelles durante a palestra intitulada Mídia e Violência, que ocorreu na última terça-feira (27), no Fiesta Bahia Hotel, em Salvador.

O evento que foi organizado pela FIB Centro Universitário da Bahia, contou com a presença de vários alunos e professores do curso de jornalismo, que lotaram o auditório do primeiro andar. Estiveram presentes também o reitor da FIB doutor Nelson Cerqueira e o professor Paulo Leandro, coordenador do curso e que foi um dos idealizadores do evento.

Durante a palestra, Domingos Meirelles contou um pouco da sua trajetória na profissão, desde quando era vendedor de máquinas de escrever e ingressou no jornal carioca Última Hora, até sua chegada a Rede Globo de televisão, onde segundo ele foi mal recebido e teve que quebrar muitos dogmas que permeavam a atividade no veículo, a exemplo da utilização de barba e o fato de não ter origem, nem conhecimento aprofundado, até então, em televisão. “Fui recebido de uma forma hostil, de uma forma que jamais me esquecerei”, acrescentou.

Voltando-se para o tema Mídia e Violência, Meirelles destacou que as críticas sobre como a mídia trata o assunto perante a sociedade não são recentes, mas existem desde a época imperial, quando Dom Pedro I já acusava a impressa de estimular o crime ao relatar em suas páginas suicídios e homicídios, ocorridos na cidade do Rio de Janeiro. Contudo, ele complementou falando que o assunto tem uma dimensão muito grande e que cada caso tem suas próprias características, ou seja, a mídia de fato pode ser um veículo a serviço do mal, embora esse não seja o seu objetivo. Ele comprova isso contando um episódio ocorrido na Rede Globo, em 1994, em que uma matéria que visava mostrar a fragilidade na blindagem dos carros transportadores de valores, conhecidos como “carros-fortes” acabou despertando os bandidos e gerando por tanto, uma onda de assaltos a esse tipo de veículos, jamais vista antes no país. Meirelles complementa, então falando que definir o que pode servir ou não ao crime é uma responsabilidade muito grande, diante da dinâmica da profissão, onde em muitas situações é definido se uma matéria vai ao ar ou não em questão de segundos. “É preciso ter uma percepção, uma sensibilidade quase extra-sensorial, uma delicadeza de sentimentos para saber detectar se aquela matéria informa mais a sociedade ou se aquela matéria tem interesse imediato do mundo do crime”, concluiu.

Na saída, os interessados tiveram ainda a oportunidade de ter um contato mais próximo com Domingos Meirelles, tirar fotos, além de adquirir um dos livros escritos por ele, a exemplo de As noites das grandes fogueiras e 1930: os Órfãos da Revolução, obra que fala sobre a conspiração que deu origem à Revolução de 1930

A palestra durou cerca de 1h 40 e dividiu opiniões, quanto à discussão do tema proposto. Ao término, alguns acharam ter fugido totalmente ao assunto, enquanto outros se mostraram satisfeitos com o evento. Para o estudante de jornalismo Osvaldo Marques, embora vários outros assuntos tenham sido abordados, o tema foi explicado com clareza e objetividade, além de destacar que só o fato de se tratar de um jornalista de renome já tornou a palestra significava. Entretanto, para Everaldo Santos, estudante do 4º de jornalismo, o evento teve mais o caráter de auto-promoção, uma vez que, Meirelles contou muitas histórias vivenciadas por ele, na profissão, e se ateu pouco ao tema mídia e violência.

Procurado logo após a palestra, o coordenador Paulo Leandro, disse que o evento atendeu suas expectativas e quando questionado sobre a importância desse tipo de conferência para o alunado, ele ressaltou que o objetivo era sair um pouco da ilha acadêmica para ter um contato com um profissional que tivesse uma vasta experiência na área jornalística. E concluiu dizendo que independente de qualquer coisa o foco maior era: “(...)tentar abrir para o mundo exterior e conhecer um jornalista de “carne e osso”, com uma carreira de 43 anos, trazer a experiência de alguém que viveu na pele com uma trajetória profissional intensa.”