quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O Vitória em 2009


O técnico Vágner Mancini já tem um número ideal de jogadores para o elenco da próxima temporada. Segundo o treinador, 25 jogadores é o ideal para evitar os problemas que aconteceram no Brasileirão, quando muitos atletas não tiveram oportunidades.

"Para mim, 25 atletas é a quantidade ideal porque se tivermos um elenco muito inchado vai ser complicado colocar todo mundo para jogar. A idéia também é aproveitar os atletas da divisão de base", explicou Vágner Mancini.

No entanto, o problema do clube para 2009 é exatamente o oposto do enfrentado na atual temporada, quando a equipe profissional chegou a ter mais de 30 atletas. O Vitória só renovou os contratos de oito jogadores: - goleiros Viáfara e Gléguer, - zagueiros Anderson Martins e Wallace, - volante Vanderson, - lateral-esquerdo Marcelo Cordeiro, - meia Willans, - atacante Adriano. A diretoria está tentando a renovação do volante Renan, emprestado do São Paulo, e do zagueiro Leonardo Silva, do Palmeiras

Sobre a lista de dispensa, Mancini vai avaliar o desempenho dos atletas ao longo do campeonato e não apenas nos últimos jogos. "Estamos analisando com calma para não sermos injustos", afirmou.

Mancini chegou ao Vitória em março deste ano e assumiu o time no meio do Campeonato Baiano. Em 2009, o treinador terá a oportunidade de iniciar um trabalho dando prosseguimento àquilo que já foi feito no Brasilierão.

Para a próxima temporada, os nomes dos reforços estão sendo analisados pela diretoria com o aval do treinador. Quando questionado sobre o perfil do reforços, Mancini afirma que as características são de acordo com o Vitória. "O perfil dos jogadores não é o do Mancini, e sim do Vitória, um time que joga com bastante velocidade".

Para assumir a vaga aberta por Dinei, os atacantes Trípodi e Osmar chegaram avalizados por Mancini, mas não justificaram a contratação e tiveram poucas oportunidades. Os dois não marcaram um gol sequer com a camisa rubro-negra.

Fonte: UOL Espotes

Capitães da Areia

Quando se fala de menores abandonados e o descaso para com eles das mais diversas classes sociais, aqui na Bahia ou mais especificamente aqui em Salvador é imprescindível não falar de Jorge Amado e “seus” Capitães da Areia. Escritor de renome, tanto no cenário nacional, como no internacional, inclusive, com diversas obras traduzidas em outras línguas, Jorge Amado foi autor também de Gabriela, Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos, Tieta e inúmeros títulos de prestígio e sucesso.

Capitães da Areia relata a história de um grupo de garotos, liderados por Pedro Bala, entre oito e dezesseis anos, que aterrorizavam a cidade com seus atos de ousadia e audácia, na década de trinta. Vivendo num trapiche abandonado, na cidade baixa, próximo ao porto, os garotos, ou melhor, crianças, levavam a vida como adultos, conhecendo a cidade como ninguém, com vida sexual já ativa e tendo nos furtos sua forma de sobrevivência. Aparentemente satisfeitos com a liberdade que possuíam os meninos, a exemplo de Sem-Pernas, conviviam com um grande conflito interno, pois sabiam que levavam a pior das vidas e sentiam falta de uma família, um pai ou uma mãe que os acolhessem e os tratassem bem. Isso fica claro quando, numa certa ocasião, Sem-Pernas, que sempre era enviado às casas, para estudar o local dos prováveis futuros roubos, se passando por um menor carente e bom garoto (o que não era uma mentira), foi acolhido com muito afeto e quase não voltou para o grupo, pois ali recebera um tratamento que nunca tivera. Outro momento que revela os verdadeiros Capitães da Areia e a sua carência de afeto é a inclusão de Dora no grupo, que por alguns instantes fora objeto de desejo sexual, e logo depois passou a ser como uma mãe para aqueles meninos com seu jeito meigo e carinhoso de agir. Nesse episódio do livro, Jorge Amado, toca numa questão muito importante e tenta quebrar um estereótipo, de que menor abandonado não se restringe apenas a “meninos”, mas inclui também “meninas” de rua, que sofrem e convivem com os mesmos problemas.

Fazendo um paralelo com os dias atuais, a gente percebe e tem a noção de quanto à obra de Jorge Amado é contemporânea, uma vez que, muitos dos problemas que ele expõe ou quase todos eles ainda perduram na cidade, sendo que o mais assustador de tudo isso é que eles se multiplicaram, mesmo com o dito “avanço da sociedade” - mas que avanço é esse? Embora o livro tenha sido escrito há quase setenta anos atrás, os problemas nele contextualizados são extremamente atuais, sobretudo, no que diz respeito aos órgãos competentes, como reformatórios, policias e igrejas, que são citados, mas que de competentes não possuem nada. Pelo contrário, só faziam aumentar a revolta dentro daquelas crianças, com falta de assistencialismo e humanidade que se somava ao preconceito de toda população. Hoje, não existem crianças apenas na região da Cidade Baixa, porém em todos os cantos da cidade, para não dizer por todo estado ou por todo o país. Os órgãos que deveriam cuidar dessa triste realidade continuam desorganizados e descomprometidos com a problemática social, a exemplo do governo que parece ter uma venda nos olhos. A sociedade de um modo geral, por sua vez faz de conta que não vê, tratando essas crianças como “bichos” e esquecendo que elas são nada mais, nada menos, do que o reflexo do que somos enquanto civilização. É preciso entender que antes do menor abandonado existe o ser humano e que devem ser tratados como tal. Professor, como todos os Capitães da Areia tinha um talento e precisou de apenas uma chance para se tornar um cidadão de bem, Pedro Bala tinha o talento nato da liderança, já Pirulito tinha forte vocação sacerdotal, enfim eram como diamantes brutos que precisavam ser lapidados.

Hoje, com certeza existem crianças de rua com talentos que só precisam ser trabalhados, evitando que sejam ofuscados pela marginalidade e pelo crime, o que nos trará um grande benefício: cidadãos ao invés de bandidos. Destarte, é mais correto dizer que os Capitães da Areia não são somente de Jorge Amado, no entanto “nossos”, porque este é um problema que perpassa por toda sociedade e que a sua solução ou para os menos otimistas, amenização, depende única e exclusivamente de como respondemos e lidamos com os vários Pedros Bala, Sem-Pernas, Pirulitos, Gatos, Professores, Joãos-Grande, Doras, etc.

Esta é uma excelente obra, e que trata de um assunto seriíssimo. Entretanto, qualquer pessoa pode ler a história, principalmente estudantes de Ciências Sociais, pois nos permite uma ampla reflexão e discussão do assunto. Além disso, vale ressaltar a marca registrada de Jorge Amado: uma linguagem fácil e acessível, que ajuda muito no entendimento da história e faz com que o leitor se identifique com a obra.

Piedade: a praça dos aposentados

Aparentemente seria um dia como outro qualquer na Praça da Piedade, localizada no Centro de Salvador. Era por volta das 3 h da tarde, temperatura amena, com movimento típico do local, muitos carros circulando nas ruas e pessoas que a todo o momento passavam de um lado para o outro - o retrato comum de um dos locais mais agitados da cidade. No entanto, na Praça, local quase que sagrado para os encontros dos aposentados, acontecia uma manifestação de professores da rede pública de ensino, que paralisaram suas atividades simultaneamente por 24 h em todo o país, com a finalidade de reivindicar aumento do piso salarial da categoria. Embora o movimento fosse atípico, no local, como era de se esperar, lá estavam os “aposentados da piedade” reunidos e acompanhando todo o acontecimento.
No início da conversa com eles, muitos se mostraram desconfiados com a minha presença, se recusando a falar o nome, idade ou local onde morava. Contudo aproximo-me com mais calma de um deles, e puxo conversa sobre a manifestação feita pelos professores, além de perguntar o que ele achava da situação. De pronto Lírio Lucas da Costa, de 65 anos me respondeu que era a favor da manifestação, pois para ele o salário dos professores no Brasil é vergonhoso. Costa, que mora no Hotel Bela Vista, no bairro da Barroquinha, freqüenta a praça desde 1967, confirmando que o costume de se reunir no local vem de muitos anos. Ele diz que o atrativo da praça é o encontro e a conversa com os amigos: “o principal passatempo é o bate-papo para colocar as conversas em dia”, conta. Para ele a classe dos aposentados é uma das mais sofridas da sociedade brasileira, com pouca assistência cedida pelo governo seguido de um baixo benefício financeiro: “... o cidadão de um modo geral tem respeito conosco, mas o governo que deveria nos dar maior apoio nos trata com muito descaso”, finaliza.
Aos poucos vou me inteirando com o grupo e ganhando a confiança de cada um deles. José Afonso Sena é um exemplo. Aos 94 anos, ele é o mais velho do grupo a freqüentar a praça e muito embora a idade seja avançada, o seu espírito é bastante juvenil. Muito bem vestido com calça e camisa sociais e usando uma boina cinza, ele conta que quase todos os dias, sai de sua casa, em Nazaré, na região da Mouraria, com destino a Praça da Piedade. Preferencialmente à tarde, a cerca de seis anos ele se encontra com os amigos, onde aprecia a conversar e distrai a mente observando o movimento complexo do centro da cidade. Quando o pergunto sobre a maneira como o governo e a sociedade lida com os idosos no Brasil, ele baixa o rosto marcado pelo tempo e responde: “não é boa, o desrespeito é grande e o salário é pouco, por isso sobrevivo com a ajuda dos meus filhos”, afirma.
Antonieta Santos, de 75 anos, a única mulher que estava presente no grupo tem, além da conversa, um atrativo a mais no centro da cidade. Ela que mora no Engenho Velho da Federação, freqüenta a praça a mais de sete anos e aproveita para ir à feirinha próxima do local para fazer algumas compras, sobretudo de frutas. Por esse motivo ela diz que geralmente vai à praça pela manhã, passa cerca de 2h observando o grande movimento de pessoas e depois retorna para casa, onde faz o que mais gosta: assiste televisão. Sobre a atual situação dos idosos, ela fala que hoje já não se tem mais o respeito de antes, a exemplo dos ônibus onde diz conviver com o descaso tanto de motoristas como de passageiros. Sobre a pensão que recebe ela ratifica: ”é uma micharia e mal dá para fazer alguma coisa”.

A realidade social

O Brasil enfrenta hoje, um período de muitas conturbações. São vários os problemas econômicos e sociais que envolvem os campos da saúde, mercado de trabalho e educacional. Dentre todos esses problemas, a questão do idoso brasileiro é um de difícil solução, o qual vem sendo um grande desafio.
O envelhecimento pode ser compreendido como um processo natural ao longo da vida, mas a idéia pré-concebida sobre a velhice aponta para uma etapa que pode ser caracterizada pela decadência física e principalmente pela ausência de papéis sociais. Segundo dados da Previdência Social, os idosos no Brasil ultrapassam os 15 milhões, correspondendo a 8,6% da população total do país. Na Bahia, de acordo com o IBGE são mais de 1,2 milhões de idosos com idade superior a 60 anos, o que representa cerca de 9,1% de toda a população do estado. Os números revelam que o brasileiro tem vivido mais, porém diferentemente de outras nações, como Japão, China e Equador os idosos não são tratados como símbolo de sabedoria para os mais jovens ou com respeito superior, como acontece também entre comunidades indígenas.