Estabelecer um limite para venda de bebidas alcoólicas, no Brasil tem se configurado um verdadeiro desafio para a sociedade e órgãos ligados ao assunto de todo o país. Somente na página da Internet da Câmara dos Deputados Federais, são mais de 480 projetos de leis e ementas que tratam do tema, no entanto, a maioria encontra-se em tramitação ou até mesmo arquivadas.
Em estudo realizado em 2006 pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) e pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas e Psicotrópicos (Cebrid), foi revelado que na faixa etária de
Na Bahia, mais especificamente na cidade de Salvador, desde o final do ano de 2006, que é proibida a venda de bebidas alcoólicas, independente de sua concentração, a crianças e adolescentes, conforme previsto no Artigo 81, inciso II, da Lei Federal 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), na Lei Municipal nº 7.107, de 22 de setembro de 2006, e no Decreto nº 16.986, de 27 de novembro de 2006". O estabelecimento que descumprir a lei é notificado e autuado, podendo pagar multa a partir de R$ 500, que é dobrada a cada reincidência, podendo ter a mercadoria apreendida, a casa comercial interditada e o cancelamento da licença de funcionamento.
Outro ponto relevante e que suscita discussões é a publicidade envolvendo as bebidas. Nesse campo, questões como a liberdade de expressão torna o tema ainda mais polêmico, pois alguns acreditam que a publicidade nada tenha a ver com o crescimento do consumo, sobretudo por jovens. Geralmente se apóiam no fato de que as pessoas consomem, porque querem, mas se esquecem que da maneira que tudo é mostrado, principalmente nas mídias eletrônicas há um apelo muito grande e os jovens e adolescentes são os primeiros a ser estimulados. É o que revela um estudo sobre o assunto divulgado nos Estados Unidos. A pesquisa foi realizada nas festas de fim de ano, levando-se em conta que nessa época o consumo de bebidas alcoólicas aumenta. Foram ouvidos quase 2 mil jovens, entre 15 e 26 anos, escolhidos casualmente. O estudo revelou que, para cada propaganda de bebida alcoólica vista por mês, houve um aumento de consumo de 1%. O resultado da pesquisa desmente os argumentos da indústria de bebidas. É o que afirma o pesquisador Leslie Snyder, da University of Connecticut, que conduziu o estudo. As empresas dizem que apenas os adultos que costumam beber são afetados pela propaganda de bebidas alcoólicas. Verificou-se que, para cada dólar por pessoa investido em propaganda, houve um aumento de 3% de consumo. Isso ocorreu especialmente entre os jovens, que se deixam seduzir por uma propaganda onde tudo é lindo e maravilhoso. Na medida em que se aumentou o investimento mensal na publicidade, o consumo alcançou marcas impressionantes: para cada US$ 10 investidos em publicidade de bebidas alcóolicas, o consumo chegou a 50 drinques por mês entre os jovens. A pesquisa da University of Connecticut considerou a publicidade feita em televisão, rádio, revistas e cartazes. O pesquisador Leslie Snyder observa que o resultado do estudo contradiz completamente as afirmações da indústria de bebidas, nas quais os fabricantes asseguram que a publicidade de bebidas alcoólicas atinge somente os adultos com mais de 21 anos.
Pelo visto, essa discussão ainda vai render muito, pois envolvem de um lado a indústria da publicidade, que movimenta sozinha cerca de R$ 30 bilhões por ano e a gigantesca indústria de bebidas que responde por aproximadamente 3,5% do PIB nacional, com lucro anual em torno de R$ 21 bilhões. Do outro lado está a população que muitas vezes fica impotente diante dos acontecimentos, pois seus representantes legais, que teriam meios mais eficazes para intervir em casos como esses, nem sempre tomam as medidas cabíveis. Enfim, a sociedade não pode esperar apenas que medidas tomadas pelo governo resolvam o problema do consumo de bebidas alcoólicas por parte dos jovens e adolescentes, mais do que isso ela deve ter consciência de que um bom relacionamento em família é fundamental para que a criança cresça instruída corretamente e tenha caráter o suficiente para dizer não diante do brilho e da idéia de status que é vinculado ao consumo de bebidas por parte da publicidade no Brasil.
André L. S. Freire
sábado, 23 de agosto de 2008
Bebidas X Jovens: a família ainda é peça fundamental
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